quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Prosseguindo no Renascer.

Escrever é mais complexo pelo fato dessas primeiras palavras terem que ser arrancadas do peito, como aquele bom dia que você quer dar para o paquera mas fica sempre com muito frio na barriga. Um dia você decide arrancar o bom dia como se no átimo seguinte o mundo fosse acabar, mas você sobrevive e vê que nem foi tão horrível assim. As primeiras palavras são sempre as mais difíceis. Mas aqui tenho tido o imenso prazer de ser amplamente sincera e mesmo assim (!) pessoas têm entendido, gostado e retornado a mim com essa compreensão. E cada vez mais e mais estímulos chegam até mim. Muitos mesmo...
O maior estímulo dos últimos dias foi o filme "O Renascimento do Parto", para o qual entrei pronta para chorar (sensação semelhante só mesmo no show do Billie Paul) com lencinho na mão e tudo. Toda essa expectativa se dá pelo fato de que iniciei minha caminhada pelo universo da Humanização do parto quando engravidei do Miguel e vivenciei a batalha que é ter um filho de forma natural pois o sistema te impõe inúmeras barreiras através do medo, da insegurança, transformando em heróis os causadores do mal e fazendo vítimas mulheres que deveriam sair se sentindo plenas ter parido, isso quando não as fazem parecer o vilão da história. De lá para cá tenho visto um grupo de mulheres que tiveram sua leoa despertada não pela transcendental experiência do parto mas sim pela traumática experiência de uma "desnecesária" (termo usado no meio ativista), de maus-tratos, violência obstétrica, e por aí vai. E pior, depois ainda descobrir por meio de pesquisas que o doutorzinho lindo que a chamava de "mãezinha" passou-a para trás com uma desculpa esfarrapadíssima de circular de cordão ou o mais do mesmo. Descobri mulheres guerreiras que fizeram de sua dor impulso para ajudar outras mulheres a não viver tais traumas e para isso se informaram e se profissionalizaram e muitas são doulas, parteiras, médicas e pesquisadoras que dedicam seus dias a provar que está tudo errado sim!
Séculos de evolução só serviram para fazer a cabeça das mulheres, principalmente no Brasil (o que me preocupa mais ainda por mostrar o quanto nós, brasileiros, somos facilmente influenciados) acreditar que seus corpos são suportam mais parir! Apenas as cabeças sabem disso pois os seus corpos, se a eles fosse permitido, paririam quantos filhos tivesse que parir.
Como bem citou no filme o Médico Obstetra Ricardo Herbert Jones, o que ocorreu na indústria do nascimento é que se lançou a doença para vender a cura. Deduzir que a mulher não terá "passagem" para parir um bebê provavelmente fará com que qualquer mãe desinformada e insegura opte por agendar o nascimento do seu filho na data sugerida pelo médico. Provavelmente a mais conveniente para ele. E os dados comprovam que as UTI´s Neonatal lotam mais nas vésperas de feriado, o que deve corresponder ao interesse dos médicos em não ser importunado no momento de descanso. O que temos hoje é produção de nascimento em série.
Não tive a minha expectativa frustrada em nada. De fato o filme vai do coração estraçalhado pelo depoimento de mulheres violentadas e pela espetadinha dada pelo próprio sonho que não se realizou plenamente no parto, até cenas chocantes de total distorção de tudo o que diz respeito ao nascimento. O filme me causou muita dor e angústia e medo, muito medo.
Desde a semana passada, após experimentar uma vivência tântrica (relatada em post anterior) muita coisa foi modificada em mim. Não sei onde, como, de que forma, apenas sinto diferente. Voltar a estudar Nietzsche, dessa vez tentando enxergar pelos seus olhos fez-me vê-lo como alguém que conseguiu antecipar o homem do século XXI. Segundo ele, a história do homem incita-o como ser superior ao que de fato é sua essência pois o homem está muito mais para a natureza, o animal, o holístico do que essa criação de ser artificial onde tudo é produzido, industrializado, tecnológico. Aonde e onde de fato estamos indo com isso tudo quando isso tudo só causa mais e mais destruição daquilo que de fato e unicamente nos é vital? Onde está a lógica?
A necessidade constante em satisfazer necessidades de consumo e atender à padrões nos afasta de tudo o que é essencial, inclusive o nascimento, o prazer, a felicidade, etc. Daí surgem as chamadas "indústrias". Tem indústria do orgasmo produzindo pornografia e medicamentos para libido tendo como fortes aliados a mídia, a cultura e religião, por exemplo, que  impedem o ser de exercer aquilo que lhe é natural e que deveria pertencer apenas a ele, a liberdade de tocar a parte que bem quiser do próprio corpo sem ser reprimido, a liberdade de conhecer a si sem ser prontamente lançado às chamas do inferno!
Tem também a indústria do nascimento produzindo cesárias em larga escala para imensa alegria do Obs-tétricos (mais tétricos do que Obstetras, em maioria) e planos de saúde que fazem do nascimento um show de horrores impedindo a mulher de exercer o direito de virar bicho se preciso for para liberar tudo o que é preciso para ultrapassar as sombras e se empoderar do seu parimento.

O Dr. Ricardo Herbert Jones declara que quando não tivermos mais nenhuma mulher parindo por via vaginal por incompetência da nossa sociedade em lidar com esse fenômeno, talvez seja tarde demais.  O também Médico Obstetra Michel Odent encerra sua participação no filme com a pergunta "Qual o futuro da humanidade nascida por cesarianas ou ocitocina sintética?". E para nos fazer sair do filme com a cuca fundida a Enfermeira Obstetra Heloísa Lessa lança o enigma: "O que vai ser do nosso sistema de produção dos hormônios do amor se eles deixam de ser utilizados, se eles passarem a ser inúteis. O que significa isso a nível de civilização?".
Tenho refletido muito sobre essas questões e tomei-as para mim por acreditar que dizem sim respeito a mim e aos meus, pois no futuro que antevejo e construo diariamente para os que virão depois de mim as pessoas terão reaprendido a nascer.

Mas, afinal, qual a relação entre a 'Libertinas - Consultoria Íntima' e todo esse percurso?!
Pois bem, a missão da 'Libertinas' tem como base a descoberta do prazer que há em cada um de nós. Prazer que não diz respeito apenas à sexualidade mas tem tudo a ver pelo  fato de que não há como dissociar uma coisa da outra. Seria utilizar o pensamento simplista que nos leva a isolar o que é impossível de ser isolado.
Nós somos a única espécie que tem a oportunidade de racionalizar a sexualidade que a mim seria algo como senti-la profundamente de todas as formas para melhor entender e conhecer e aprimorar, porém, ao contrário disso trancamos há séculos no calabouço o vilão sexualidade, onde também estão presos os temíveis tabus nascimento e morte, dos quais é melhor manter distância mesmo!
Mas só que não. Aqui, nesse espaço, a Libertinagem se dá através do exercício do pensamento. Pretendo ser a mulher que sai da alcova e vai pra rua assistir a vida e vem para cá fazer filosofia, quem sabe?! Das experiências vividas, aprendidas, ouvidas, lidas e de todas as formas absorvidas, tento traduzir como uma possível ferramenta para alguém. Uma ideia ou sugestão. Aqui não há receitas prontas nem conclusões. Dificilmente utilizo a palavra verdade por não me ser aprazível a ideia de que haja alguma mas carrego comigo minhas convicções. Não defendo correntes de pensamento e nem apoio dogma. Crio sintonia ou não com tudo o que me cerca e daí extraio as cenas do capítulos seguintes. Bebo de todas as fontes que me parecem confiáveis e atraentes e depois transformo isso com criatividade (tento) e é aqui que virei mostra-las.
O que pretendo é expor aqui minha linha de pensamento, que hoje vai da Filosofia ao Tantra, encontrando embasamento na Psicanálise, Física Quântica, Psicologia, Neurociência e diversas vertentes que estão interligadas pois discernem acerca do mesmo Ser, humano.
A ideia é somar no lugar de dividir. Juntar e não mais separar. Unir.
No final, fazemos todos parte de um mesmo momento na história e precisamos entender qual é o nosso papel, pois não há outra forma de comprimi-lo antes de conhecê-lo.  

E refletir muito. Refletir sobre o momento, as questões que nos são colocadas e nossa responsabilidade em relação ao que nos diz respeito. Refletir no mundo o que dizemos que queremos ser. Resgatar em algum lugar a criança abandonada no fundo da sala que desistiu que esperar alguém para brincar e ficou lá esquecida. Eu era a criança que apanhava mas não perdia a brincadeira e todos os dias tento resgatar um pouquinho dela para refleti-la em mim, hoje. Dá muito mais força lembrar como era ter mais coragem que medo.
 
Avante Guerreiros!
Gratidão.

Arlene Lima
Libertinas - Consultoria ÍntimaDescubra o prazer em si.libertinasdf@gmail.com
(61)9648-6572
Facebook: Libertinas - Consultoria Íntima


*Sugestões de consulta:
www.orenascimentodoparto.com.br
http://www.youtube.com/watch?v=wszgKT2zS-c
http://estudamelania.blogspot.com.br/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ouroboros

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