quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Na natureza nada se perde, tudo se transforma...

É assim que é, assim aprendemos no livro de Ciências e assim sou eu.  E sou mãe. Tento exercer um milhão de outros papéis, mas nenhum deles faz e nem fará mais parte de mim do que o de mãe. Eu só sou mãe e todo o resto me é acrescentado. É inerente. Da maternidade  advém todas as demais coisas que venho me tornando, descobrindo. Minha própria essência que vem se aflorando desde de minha primeira gravidez, pois sou mãe de três. Sou mãe de uma primeira gestação que cumpriu sua missão até o breve fim e mesmo sob protestos de médicos e familiares que, com seu espírito imediatista e mecanicista não queriam que eu me desse tempo para descobrir o que meu corpo tinha para me falar, mas eu insisti. Insisti e senti. Senti muita dor, quase pior que dor de dente, mas passou. O sangramento durou por muito mais tempo, mas passou. O luto demorou um pouco mais, muito mais do que eu imaginava, mas também passou.
Depois veio a gravidez do Miguel Angello, menino forte que me acompanhou com sua presença marcante desde que tomei consciência de sua existência. Ele sempre dá um jeito de se fazer presente e foi muito valente em seu nascimento, apesar de pequeno e magrelo. Há dois anos ele me ensina disciplina, me diz coisas sobre mim que me deixam de queixo caído e pisca os olhos como ninguém. Seu coração forte me guia pelo caminho que venho percorrendo por pura intuição, que também aprendo com ele, cujo parto me ensinou sobre gente e me trouxe uma vontade enorme de aprender mais e mais sobre a vida.
Minha terceira gestão veio quase um ano depois do nascimento do Miguel e em dobro, só para ensinar me ensinar o que eu mais precisava aprender naquele momento. Nenhuma perda ocorre sem dor, mas saber perder também é um dom.
Mais uma vez vivi o processo de hospital e ultrassom e indicação de procedimento invasivo e, já sabido por mim, muitas vezes desnecessário. Dessa vez agradeci a médica e expliquei o procedimento que eu adotaria e ela, ciente, me indicou os procedimentos padrões caso eu precisasse voltar 30 dias depois. Mas uma vez passou e não precisei voltar. E dessa vez eu tinha mais um companheiro para me ajudar a superar a dor, mas do jeito dele, no peito...
Hoje procuro tatear meu próprio caminho, dois anos depois de haver me dedicado exclusivamente à maternidade e gestação com tudo o que tivemos direito e um ano após tornar-me Empreendedora Individual, criar a ‘Libertinas – Consultoria Íntima’ (que continua...) e iniciar o caminho que se define cada vez mais claramente diante dos meus olhos ainda um tanto incrédulos.
Sinto-me segura por ver que o melhor foi ofertado e agora ele vai seguro também seguindo o rumo dele, sentindo muito menos até do que eu, que ainda me pego desolada. Mas cheirei tudo o que pude e sei que, como mãe, nem o máximo será suficiente. Agora me dedico a aprimorar tudo o que aprendi através de todas essas experiências e espero, através da Fotografia, expressar as múltiplas faces dessa vivência de gestar, parir, maternar, de lidar com a vida que acontece a todo instante, em todos os lugares.
Concomitantemente, com dedicação e afinco me preparo também para em breve apresentar um trabalho que será a união de todas as vivências terapêuticas buscadas e aprofundadas, a exemplo da Massagem Tântrica do Método Deva Nishok, no Centro Metamorfose, com a Formação de Doula e Educadora Perinatal. Bons ventos carregam essas novidades vindouras!
Quero muito ser Doula! Aprender e ajudar a resgatar o que, com toda a frieza pode estar caminhando para um processo de congelamento do coração humano, ao fazer do primeiro grande evento da vida, o nascimento, um tremendo susto. Além de muito amor, existe muita preocupação com a situação atual do nascimento, ainda muito distante do ideal para o que almejamos para os nossos filhos, netos e nem o que espero deixar como legado.
O nascimento é um processo e não pode ocorrer abruptamente, precisa que mãe e bebê estejam conscientes do processo que se inicia e isso é possível quando lidamos com sutileza e confiança na herança que já nos pertence, porém esquecemos o que fazer com ela.
Desde que comecei a me dedicar ao nascimento assisto um crescimento no movimento da Humanização do Parto  que aquece meu coração e dá  esperança de que um dia homens e mulheres conhecerão e encontrarão a potência que só esse reencontro com o essencial proporciona.
Espero contar com todos para que ajudemos uns aos outros nessa revolução que sempre chega com a compreensão da verdade, com a transformação do amor em ação, em atitude, em prol de um bem maior, universal.

Calorosamente,

Arlene Lima
Calorosamente,

 

*Referências: http://www.centrometamorfose.com.br/

                         http://www.doulas.com.br/oque.php               

                         http://corpoinconsciencia.com/2013/10/05/a-forca-suave/